5 Passos para usar Gráficos de Controle para Melhoria Contínua
Em processos produtivos, variação é sinônimo de custos. Todas as ações que podem ser tomadas para reduzir variações irão reduzir custos subsequentes e melhorar a qualidade do produto. Na busca pela melhoria contínua, o Gráfico (ou Carta) de Controle é o seu aliado ao fornecer uma maneira sistemática de reduzir a dispersão de processo. Ao trabalhar corretamente com Gráficos de Controle para melhoria contínua, a redução contínua da variação do processo é uma consequência natural.
No post de hoje, apresentaremos 5 passos que irão te orientar a usar os Gráficos de Controle para melhoria contínua:
#1 – Definir Estratégia de Amostragem
O primeiro passo é definir a estratégia de amostragem com subgrupos racionais: tamanho de amostra, frequência, método de coleta e outros fatores devem ser considerados nessa etapa. Lembre-se que as amostras devem refletir as mudanças do processo! Caso contrário, todas as etapas subsequentes serão comprometidas, pois você estará tomando ações baseadas em dados que não representam a realidade do seu processo produtivo. Quer aprender mais sobre estratégia de amostragem e subgrupos racionais? Leia nosso post sobre O terceiro fundamento dos Gráficos de Controle de Shewhart.
#2 – Calcule Limites de Controle
Na sequência, mãos a obra! Comece a coletar dados do processo e utilize uma Carta de Controle para analisar essas medições. Calcule os limites de controle, que representam os limites de comportamento natural do seu processo. Os Limites de Controle nos dão a faixa em que podemos esperar que o processo trabalhe, se nenhuma causa especial agir no processo. Atenção para calcular os limites de forma correta e não cometa o erro clássico de usar o desvio padrão de longo prazo nesses cálculos!
#3 – Avalie Unidade de Medida
Após coletar dados e calcular os limites de controle, o primeiro questionamento que deve ser feito é: as unidades de medida são pequenas o suficiente? Se você está medindo, por exemplo, um diâmetro e a especificação varia em centésimos de milímetros, mas o seu instrumento de medição fornece medições em décimos de milímetros, é provável que a sua Carta de Controle se pareça com isso:
Nesse caso, você deve rever o seu sistema de medição e sua estratégia de amostragem. Para entender mais sobre o assunto, leia nosso post sobre análise R&R – Repetibilidade e Reprodutibilidade.
#4 – Há causas especiais agindo no processo?
Após verificar que as unidades de medida são pequenas o suficiente para detectar a variação dentro dos limites de especificação e dos limites do processo, faça um segundo questionamento: os dados mostram evidência de variação excepcional? Se os pontos coletados apresentam medições que estão fora de controle estatístico, ou seja, se a sua Carta de Controle apresenta um comportamento semelhante ao comportamento abaixo:
Nesses casos, o Gráfico de Controle mostra que esse processo está fora de controle, assim o comportamento do processo é imprevisível. Nesse caso, antes de pensar em utilizar Gráficos de Controle para melhoria contínua, primeiro é preciso ter um processo estável e previsível.
As pessoas envolvidas com o CEP devem identificar e controlar as causas especiais. Se o processo for operado de forma previsível, a Carta de Controle pode ser usado para avaliar possíveis upgrades e melhorias de processo.
Identifique as causas especiais, elimine-as e volte ao começo do fluxograma :). Se ficar com alguma dúvida nessa etapa, entenda mais sobre a diferença entre variação aleatória e variação especial nesse post.
#5 – Utilize os Gráficos de Controle para Melhoria Contínua
Se os Gráficos de Controle não mostram sinais de variação excepcional no processo, é hora de usar os Gráficos de Controle para melhoria contínua: trabalhe com os Gráficos, interprete-os e implemente o conhecimento obtido com eles.
Lembre-se que a Carta de Controle simplesmente fornece informações de uma forma fácil de entender e distinguir tipos de causas. Cabe aos responsáveis pelo processo usar essas informações na tomada de ações de melhoria. O poder do Gráfico de Controle para melhoria contínua dependerá da forma com que esse entendimento é posto em prática.
Nessa etapa, convém fazer um estudo de capacidade do processo: descobrir qual é o Cp e o Cpk da sua máquina. Se você não sabe do que estamos falando, leia nosso artigo sobre Índices de Capacidade e Performance.
Mas atenção, não deixe que a magia dos “índices que representam todo o seu processo” – ou talvez até toda a sua fábrica! – te distraia da ideia principal, que é usar os Gráficos de Controle para melhoria contínua dos processos. Frequentemente profissionais de qualidade e manufatura se deslumbram com esses “números mágicos” e se esquecem de usar a ferramenta principal que é o Gráfico de Controle.
Melhoria Contínua
As etapas descritas nos passos acima podem ser resumidas por meio do fluxograma abaixo:
A melhoria contínua vem como resultado de uma longa sequência de pequenas etapas. Por vezes, alguns pequenos passos irão resultar em melhorias consideráveis. No entanto, a maioria das melhorias dependerá das etapas anteriores em um longo e contínuo processo. É preciso persistência na utilização do gráfico para entender melhor o processo. No fluxograma, a implementação do conhecimento fornecido pela Carta de Controle é representado por um loop voltando à modificação do processo. Sempre que o processo for alterado, um novo ciclo se inicia!
Em qualquer empresa, a eficácia das etapas que vão desde identificar as causas atribuíveis até implementar as melhorias necessárias dependerá principalmente do ambiente organizacional. Se a gerência não apoia ativamente esses esforços, eles não serão eficazes. O poder do Gráfico de Controle depende de quão efetivamente a empresa é organizada para utilizar os insights oferecidos pelo gráfico. Se esses insights são utilizados plenamente, podemos dizer que “o céu é o limite” para a implementação de possíveis melhorias.
Ao executar repetidas vezes as etapas do fluxograma, a Carta de Controle continuará rastreando o processo e em cada ciclo fornecerá informações adicionais sobre como o processo se comporta. O efeito cumulativo será um ciclo contínuo de melhoria de processo.
E você, já utiliza Gráficos de Controle para melhoria contínua? Conte mais sobre a sua experiência nos comentários!
Fonte: Understanding Statistical Process Control – Donald J. Wheeler and David S. Chambers – 2010
Engenheiro Mecânico pela UFSC, pós graduado em Informática Industrial, fundou a HarboR em 1996. Ao longo desses anos trabalhou com programação, desenvolvimento e implantação de sistemas (MES e CEP), gerenciamento de projetos e equipes. Hoje dedica-se principalmente ao design das soluções e produtos da HarboR, especialmente os voltados para a Indústria 4.0