Outubro Rosa: o CEP também apoia esta campanha!
Quando inicia outubro, quais as primeiras coisas que vem a cabeça?
Arrisco dizer que é sobre o Outubro Rosa, prevenção do câncer de mama e assuntos relacionados.
Você já deve ter reparado que durante este mês, vários monumentos, prédios públicos, pontes, entre outras construções, ficam iluminados de rosa. Isso é um lembrete visual para introduzir no cotidiano da população a realidade do câncer de mama e a importância do diagnóstico e tratamento precoce.
O Outubro Rosa é um movimento popular internacional que iniciou em meados de 1990 nos EUA e em 2002 no Brasil, porém se consolidou aqui somente em 2008, quando vários estabelecimentos iluminaram os prédios e monumentos importantes – como o Cristo Redentor, chamando atenção ao movimento.
Algumas informações sobre o câncer de mama a nível de curiosidade (EXAME):
- 25% dos casos de câncer em mulheres no mundo, são câncer de mama;
- O câncer de mama é o 1º em taxa de mortalidade em mulheres no mundo;
- 14 mil mulheres morreram por causa do câncer de mama no Brasil em 2013;
- Quando o diagnóstico é feito no primeiro estágio da doença, a sobrevida média é de 88,3%;
- 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com hábitos saudáveis;
- 66% dos casos são descobertos pelas próprias pacientes (* importância do autoexame).
Nessa altura, você deve estar se questionando:
O que o Outubro Rosa tem a ver com CEP?
Vamos utilizar nossa expertise e mostrar um exemplo prático de CEP na análise dos dados de mortalidade por câncer de mama e comparar com o início das ações do outubro rosa.
Vamos lá??
Não vamos mostrar os dados tabulares pois já vimos que essa não é a melhor maneira de analisar as informações. Vamos utilizar apenas a análise gráfica no nosso exemplo prático de CEP.
Numa primeira impressão, imaginávamos que as mortes decorrentes do câncer de mama iriam reduzir depois do início “oficial” do Outubro Rosa no Brasil (2008), porém não é isso que mostra o Gráfico 1.
Gráfico 1 – Número de mortes por câncer de mama (C-50). Fonte: INCA
Resolvemos, então, relacionar a quantidade de mortes por câncer de mama com a mortalidade por todos os tipos de câncer em mulheres e saber quantas mortes por câncer são decorrentes do câncer de mama, a cada 100 fatalidades por câncer.
Gráfico 2: porcentagem de morte por câncer de mama, em comparação com todos os tipos de câncer que afetam as mulheres. Fonte: INCA
Vemos que antes do início do Outubro Rosa, para cada 100 mortes por câncer, 15,2138 eram do tipo C-50 (câncer de mama). Já depois de 2008, esse número aumentou para 15,5485.
Ao mesmo tempo que notamos o aumento de 0,3347% na média de morte causada por câncer de mama (em comparação com os demais tipos de câncer), vemos o aumento de 4,74% na população feminina.
Gráfico 3: População feminina no Brasil por ano. Fonte: IBGE
De uma maneira bastante superficial, podemos concluir que a população feminina brasileira aumentou mais rapidamente que a mortalidade decorrente do câncer de mama.
Avaliamos, também, quantas mortes por câncer de mama ocorrem para cada 1.000.000 de mulheres brasileiras.
Gráfico 4
Percebemos que a média aumentou de 0,921 para 1,088 após o início das movimentações do Outubro Rosa, ou seja:
- Antes de 2008: para cada 1.000.000 de mulheres, 0,921 morreram por câncer de mama
- Depois de 2008: para cada 1.000.000 de mulheres, 1,088 morreram por câncer de mama.
Aqui já percebemos que, mesmo que a população feminina tenha aumentado, a mortalidade por câncer de mama também aumentou.
Mas isso quer dizer que as ações do Outubro Rosa não são eficientes?
Exatamente o contrário. O aumento na mortalidade pelo câncer de mama depois do início das ações do Outubro Rosa mostram que muitas mulheres ficaram alertas sobre os riscos e a importância do diagnóstico precoce.
Antes de 2008, muitos óbitos por câncer não eram relacionados ao câncer de mama.
Um aprendizado importante com a análise do nosso exemplo prático de CEP é:
- Analisando os dados de maneira superficial, podemos tirar conclusões erradas sobre a realidade do processo. Por isso a importância de graficar os dados e interpretá-los.
Inicialmente tínhamos o feeling que a mortalidade por câncer de mama iria diminuir depois do ínicio das ações de conscientização, mas os dados do nosso exemplo prático de CEP nos mostraram outra opção como resposta.
Aproveitando que hoje é o dia internacional do combate ao câncer de mama, vale lembrar que a prevenção deve ser feita durante todo o ano e que o autoexame não é suficiente para a detecção precoce da enfermidade. Dados do INCA apontam que apenas 2,5 milhões de mamografias foram realizadas em 2014, equivalente a uma taxa de 24,8%, bem menos do que os 70% recomendados pela Organização Mundial da Saúde.
Sabemos que este não é o melhor exemplo prático de CEP, pois a metodologia pressupõem a análise do comportamento de um processo com relação a sua média e desvio padrão, pesquisa de causas especiais, entre outras coisas.
Optamos pelo exemplo do Outubro Rosa para mostrar a importância da campanha e também a possibilidade de analisar os dados com gráficos de controle e usar limites de controle para notar tendências do processo (como foi visto a partir de 2008).
Engenheiro Mecânico pela UFSC, pós graduado em Informática Industrial, fundou a HarboR em 1996. Ao longo desses anos trabalhou com programação, desenvolvimento e implantação de sistemas (MES e CEP), gerenciamento de projetos e equipes. Hoje dedica-se principalmente ao design das soluções e produtos da HarboR, especialmente os voltados para a Indústria 4.0