Dados de qualidade no chão de fábrica – não os desperdice!
As indústrias coletam dados de Qualidade no chão de fábrica de diferentes maneiras. Seja através de formulários preenchidos manualmente, planilhas ou com algum software de Controle de Qualidade – onde a coleta pode depender do operador ou até acontecer de forma totalmente automática.
Mas por que as indústrias coletam dados de qualidade no chão de fábrica? Certamente a primeira resposta que vem na cabeça dos engenheiros de Qualidade ou Manufatura é: para garantir que nada saia errado! Em outras palavras, garantir que nada saia fora dos limites de especificação.
A resposta não está errada, mas Qualidade pode ser muito mais do que simplesmente verificar se o produto atende às especificações. Os dados de Qualidade no chão de fábrica tem muito mais para te contar do que apenas isso.
Os dados de Qualidade que são ignorados
Na maioria dos casos, os profissionais de qualidade usam as informações coletadas no chão de fábrica para responder a seguinte pergunta: meu produto está bom ou está ruim? Trata-se basicamente de procurar problemas e corrigi-los.
Profissionais da área de qualidade são excelentes na tarefa de identificar e solucionar problemas. Mas o que acontece com aqueles dados que estão dentro dos limites de especificação do seu produto? O que você faz com a maioria dos dados de qualidade que indicam que o produto está bom e dentro dos limites de especificação?
Na maioria esmagadora dos casos, esses dados são simplesmente esquecidos ou ignorados. O que é um grande desperdício. Estes dados podem prover aos fabricantes informações valiosas sobre o seus processos e podem ajudar a alcançar grandes melhorias na qualidade.
Como usar dados de qualidade no chão de fábrica
Vamos apresentar aqui um caso semelhante ao que ocorreu com um cliente da HarboR que utiliza o software InfinityQS como sistema de CEP e Controle de Qualidade.
O fabricante em questão produz parafusos. Trata-se de um produto de valor agregado relativamente baixo e cujo principal custo de produção é a matéria prima.
Ao coletar dados dimensionais do parafuso, os responsáveis da Qualidade obtiveram Gráficos de Controle assim:
Se um profissional de Qualidade olhasse para esses dados buscando apenas enxergar se os produtos estão bons ou ruins, ele pensaria: está tudo ótimo, não preciso fazer nada!
E ele estaria certo: o processo está produzindo produtos dentro de especificação de forma estável e previsível. Mas será que não tem nada que você poderia fazer com esses dados?
Como usar os dados bons?
O fabricante em questão avaliou que seus índices de capacidade – Cp e Cpk – eram realmente muito bons, acima de 6 como podemos ver. O insight que esse cliente teve foi: por que trabalhar com um Cpk tão bom? Isso é realmente necessário?
Os engenheiros de Qualidade concluíram que tinham processos extremamente capazes. Assim, poderiam “mirar” um pouco abaixo da nominal do produto no momento de fazer o set-up de máquina:
Como já falamos, nesse processo o custo da matéria prima é o principal custo do processo de fabricação. Já que o processo tinha uma capacidade muito boa, foi possível economizar matéria-prima e ainda assim ter a garantia de que estariam produzindo produtos dentro de especificação:
Essa melhoria de processo fez com que a empresa economizasse consideravelmente em matéria-prima. A mudança aumentou seus lucros e trouxe assim um alto retorno ao investimento (ROI) feito ao adquirir o software de Qualidade.
Se os engenheiros de Qualidade tivessem se contentado em simplesmente verificar se os dados estavam bons ou ruins, esse melhoria não teria sido possível!
Leia também: Can Quality Protect Your Brand no blog da InfinityQS – parceira da HarboR
Uma nova era para a Qualidade
Vivemos na era da informação, onde contamos com uma riqueza de dados de qualidade no chão de fábrica disponíveis em tempo real. Nesse cenário, profissionais da qualidade não podem e não devem se contentar em apenas verificar se os produtos estão bons ou ruins.
Empresas cientes do potencial que esses dados têm costumam reunir seus profissionais de qualidade uma vez por mês ou a cada trimestre para avaliar o quadro geral. Esses dados são agregados, resumidos e avaliados de forma a obter informações operacionais sobre o que está acontecendo com a qualidade em todos os pontos do chão de fábrica. É o momento em que esses dados são transformados em conhecimento.
É claro que se há uma alta ocorrência de defeitos ou problemas críticos na sua fábrica, você deve primeiramente focar em resolvê-los. A mensagem que queremos trazer aqui é: não ignore os dados bons! Eles certamente tem uma história para te contar também e podem fomentar melhorias de processo com grandes retornos financeiros para a sua indústria.
E você? O que faz com os dados de qualidade que coleta? Compartilhe com a gente nos comentários!
Engenheiro Mecânico pela UFSC, pós graduado em Informática Industrial, fundou a HarboR em 1996. Ao longo desses anos trabalhou com programação, desenvolvimento e implantação de sistemas (MES e CEP), gerenciamento de projetos e equipes. Hoje dedica-se principalmente ao design das soluções e produtos da HarboR, especialmente os voltados para a Indústria 4.0